Síntese "Panorama Social da América Latina" - CEPAL
Após a análise, leitura e crítica acerca dos conceitos preliminares de desigualdade e diferença, o Grupo Práxis - PET Conexões de Saberes da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) campus Erechim divulgou a sua sistematização (relembre aqui). Agora é a vez de compartilharmos a síntese do primeiro relatório acerca dos dados econômicos e sociais da América Latina, "Panorama Social da América Latina" (CEPAL). Partilhamos aqui o resultado do empenho da talentosa dupla - Gabriela; Jenifer.
Panorama Social da
América Latina
Gabriela Carla
Sychocki[1]
Jenifer de Aguiar
Ramos[2]
O
relatório intitulado “Panorama Social da América Latina” é resultado de estudos
promovidos pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e
tem por intencionalidade discutir as desigualdades sociais presentes no
continente americano, principalmente, na América Central e na América do Sul. Para
a pesquisa utilizou-se como base o Índice de Gini e o PIB - de 2000 a 2016.
Embora nos últimos anos a América Latina tenha evoluído na redução da
desigualdade, de 2015 em diante, retrocedeu. O gasto social tem grande
importância na manutenção das políticas públicas, em especial as políticas de
acesso ao mercado de trabalho. A inclusão social e laboral teve uma
significativa melhora, porém, tem muito a progredir, como, por exemplo, no
acesso à educação de qualidade, ao saneamento básico, à saúde e ao emprego
decente. O documento destaca a importância de discutir as desigualdades de
gênero, sendo necessárias políticas públicas sérias para a formação e inserção
de mulheres nas áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática, além de
melhores empregos e salários.
O
tema abordado no primeiro tópico refere-se às desigualdades socioeconômicas - distribuição
da renda e da riqueza. O capítulo apresenta dados sobre a distribuição de renda
entre os anos 2000-2014, tendo como base o índice de Gini. Observa-se que, no
que tange o panorama das desigualdades, há uma queda em todos os países da América
Latina. A menor porcentagem está no ano de 2014 e, segundo o documento, essa
redução ocorreu devido a maiores investimentos públicos em políticas de
distribuição de renda. Exemplo disso pode ser visualizado no Brasil que, em
2002, refletiu 0,57 no percentual de desigualdade, chegando a 0,52 em 2014,
partindo da análise de distribuição de renda por domicílio. Contudo, quando
incluído os ativos físicos e financeiros há um aumento significativo das
desigualdades, uma vez que, quando se analisa apenas a distribuição de renda
familiar, a desigualdade na América Latina é, aparentemente, de 0,69. Em
contraste, quando se inclui as empresas esse percentual alcança 0,78.
O
segundo tópico dialoga sobre as tendências recentes e de longo prazo da pobreza,
atribuindo ao ano de 2017 um aumento significativo da mesma. Como mostram as
estimativas da CEPAL, a população que reside em áreas rurais é mais pobre
daquela que vive nas áreas urbanas. Outra estimativa preocupante é a de que
crianças e adolescentes se concentram em maior número na linha da pobreza, em
relação aos mais idosos e às mais idosas. A etnia também é muito associada à
pobreza. O ODS (Objeto de Desenvolvimento Sustentável) estabeleceu metas até
2030: 1) “Erradicar a pobreza extrema para todas as pessoas em todos os
lugares; 2) “Reduzir pelo menos à metade a proporção de pessoas que vivem na
pobreza em todas as suas dimensões”. Esses objetivos só serão cumpridos se
houver o alargamento de políticas públicas para a geração de novos empregos,
que realmente favoreça as pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza.
O
tópico seguinte é um demonstrativo de gastos sociais, com o objetivo de
combater as desigualdades. O documento relata que a maior parte do PIB é
destinada à proteção social, à educação e à saúde - o levantamento foi feito de
2000 a 2016 em 17 países da América Latina. Como resultado dos dados levantados
nesse período, a América Latina obteve um aumento progressivo de verbas
destinadas aos gastos sociais, porém, ainda assim, não atingiu o percentual
necessário para as metas de 2030. Para além disso, no que tange as políticas de
mercado de trabalho, que também são abordadas no capítulo, se destacam cinco países
com números progressivos nesse sentido - Argentina, Chile, Costa Rica, México e
Uruguai. Dentre esses, Uruguai e Costa Rica são os que mais investem em
políticas para mercado de trabalho.
O
tópico D aborda os desafios estruturais de inclusão e do mercado de trabalho.
Nos últimos anos, a América Latina avançou no que diz respeito à inclusão
social. Porém, as desigualdades presentes no acesso à educação de qualidade têm
como consequência a não preparação adequada da população para o mercado de
trabalho. A falta de oferta de emprego também faz com que se tenha altas taxas
de desemprego na região. Com a insuficiente oferta de empregos aumentou o
índice de informalidade, implicando na falta de seguridade social. A América
Latina tem uma dívida no quesito inclusão social e laboral. É dever do Estado
garantir os direitos essenciais, o acesso à infraestrutura básica e ao emprego
digno.
O
último capítulo problematiza a autonomia econômica das mulheres frente ao
mercado de trabalho. O documento articula dados educacionais, trabalho
doméstico e a inserção de mulheres no CTIM - Ciências, Tecnologia, Engenharia e
Matemática. As três temáticas se relacionam para a busca da independência e da igualdade
de mulheres dentro do mercado do trabalho. No gráfico que representa as pessoas
que se formaram em CTIM, é possível verificar que, por exemplo, no Brasil (entre
2002 e 2015), houve uma diminuição de 3% de mulheres formadas nessas áreas. Essas
estatísticas demonstram uma das barreiras impostas no que tange o ingresso de
mulheres no sistema produtivo, como também nas oportunidades de trabalho. Ademais, o relatório apresenta outros fatores que
causam essas desigualdades, como os encargos domésticos e o cuidado que estão
sempre associados à figura feminina, visto que, as oportunidades no campo científico
acabam sendo destinadas aos homens desde sua criação.
Por
fim, o texto traz um panorama que hoje está, de certa forma, distante da
realidade latino-americana, mas que deve ser analisado com atenção, pois são
resultados de governos progressistas, tendo como objetivo a diminuição das
desigualdades econômicas e sociais. Ao entrar na década de 20, quais serão as políticas
adotadas por esses países para diminuir a pobreza e a extrema pobreza,
alcançando, então, os acordos para 2030?
[1] Acadêmica do curso Interdisciplinar
em Educação do Campo: Ciências da Natureza – Licenciatura da Universidade
Federal da Fronteira Sul (UFFS) campus Erechim e bolsista do Grupo Práxis
– PET Conexões de Saberes.
[2] Acadêmica do curso de Licenciatura
em História da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) campus Erechim
e bolsista do Grupo Práxis – PET Conexões de Saberes.
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