Síntese "Nós e as Desigualdades" - OXFAM Brasil


   Após o compartilhamento das sínteses acerca das obras "Desigualdade, diferença e articulação", de Sergio Costa (relembre aqui) e "Panorama Social da América Latina", produzido pela CEPAL (relembre aqui), o Grupo Práxis - PET Conexões de Saberes da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) campus Erechim torna pública a última reflexão a despeito desse bloco de leituras: "Nós e as Desigualdades", através das importantes análises do petiano Alex.

Nós e as Desigualdades – Pesquisa OXFAM Brasil/DATAFOLHA – Percepções sobre Desigualdades no Brasil

Alex Dos Santos[1]

Nós e as Desigualdades, relatório produzido pela OXFAM Brasil em conjunto com o Instituto Datafolha, proporciona grande contribuição para o debate sobre a redução da desigualdade social brasileira do ponto de vista da população. A pesquisa apresenta dados importantes e demonstra que “ao menos 8 em cada 10 brasileiros[as] acreditam que não é possível progresso sem redução de desigualdades.”.
A metodologia utilizada pelo Instituto Datafolha se constituiu por intermédio de abordagem pessoal. Assim, foram entrevistadas 2.080 pessoas em nível nacional, abrangendo 130 municípios de pequeno, médio e grande porte, entre os dias 12 e 18 de fevereiro de 2019. Para além disso, a pesquisa possui um nível de 95% de confiabilidade, com margem de erro de apenas 2% para mais ou para menos. Sob o mesmo ponto de vista, o questionário aplicado dispôs de 17 perguntas, contendo perguntas abertas, baterias de concordância e discordância e perguntas fechadas.
       O relatório encaminha amplos resultados, no qual se destacam alguns pontos, como, por exemplo, “53% acham que a linha de pobreza está entre R$ 701 e R$ 1.000”. Em seguida, exibe que “85% se colocam na metade mais pobre”, contudo, “57% não acreditam que as desigualdades diminuirão nos próximos anos” e “58% duvidam que o trabalho equaliza chances dos mais pobres”, tendo em vista que “51% não creem que a educação das crianças pobres equaliza suas chances de uma vida bem-sucedida”.
Frente ao questionamento de que se gênero e raça impactam na renda, “64% concordam que o fato de ser mulher impacta a renda”, similarmente “52% concordam que negros[as] ganham menos por serem negros[as]”. Posteriormente, demonstra que “72% acreditam que a cor da pele influencia a contratação por empresas”, assim como “71% concordam que a justiça é mais dura com negros[as]” e “81% acreditam que a cor da pele influencia a decisão de uma abordagem policial”. Sobre o lugar da mulher, “86% discordam que mulheres deveriam se dedicar somente a cuidar da casa e dos filhos [e das filhas] e não trabalhar fora”.
Na sequência, acerca do apoio à tributação, “77% concordam com o aumento dos impostos de pessoas muito ricas para financiar políticas sociais” e “94% concordam que o imposto pago deve beneficiar os mais pobres”. Com relação ao Estado presente e políticas universais, a manifestação da população mostra que “84% concordam que é obrigação dos governos diminuir a diferença entre muito ricos e muito pobres”, inclusive “73% defendem universalidade para atendimento em postos de saúde e hospitais”, assim como “75% apoiam a universalidade do ensino público fundamental e médio”.
Para os entrevistados e para as entrevistadas existem algumas alternativas que o Estado deve focar para reduzir a desigualdade no país, dentre as quais pode-se destacar cinco. Em primeiro lugar, com uma nota de 9,7, o combate à corrupção. Após, investimento público em saúde, educação e oferta de empregos, as três com média de 9,6. Aumento do salário mínimo com 9,3 e, por fim, pode-se ressaltar direitos iguais entre mulheres e homens com a nota de 9,5 e o combate ao racismo com 9,3.
Em síntese, percebe-se que a população brasileira apresenta uma inclinação voltada para a instauração de alterações tributárias progressivas, mostrando que os cidadãos e as cidadãs estão mais dispostos e dispostas a apoiar o Estado frente a um progresso social ao solicitar maior interferência do governo para trabalhar questões de cidadania. Nota-se, assim, ser um grupo pequeno da população que afirma desejar políticas neoliberais, ou então, que acredita que esse tipo de política diminuiria, de fato, a desigualdade. Comparando a pesquisas realizadas em anos anteriores, felizmente, nota-se o aumento da criticidade por parte da população, fazendo com que possuam maior consciência do que deveria ser feito por parte do Estado para uma melhor distribuição de renda na sociedade brasileira.



[1] Acadêmico do curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) campus Erechim e bolsista do Grupo Práxis – PET Conexões de Saberes.

Comentários

Postagens mais visitadas