PERSPECTIVAS DE TRABALHO - PERSPECTIVAS DE DESCONTRAÇÃO


            
Pensando tensões que nos circundam conjuntamente às limitações de convivência - dadas as circunstâncias da crise relativa ao Covid-19 - o Grupo Práxis - PET Conexões de Saberes da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) campus Erechim tem como proposta o cultivo à cultura e a continuação de atividades. Para além do momento singular, dos questionamentos, da ideia de um trabalho marcadamente produtivista - as e os bolsistas do grupo, a partir de uma evidente preocupação com o bem estar mental de quem está em casa, repensam os usos das redes sociais, afim de explanar suas criatividades e compartilhar anseios que não permeiam só a questão do vírus, mas suas indagações pessoais.

Partindo da ideia de compartir para não individualizar, as postagens do quadro "Curiosidade Reflexão Escrita" vêm com este teor de superar o momento de resguardo de forma remota, mas contígua. Fica aqui, também, uma dica de leitura para uma maior apropriação de usos dos conceitos -  O arco e a lira: Octavio Paz. O primeiro post é carregado de simbolismos e questionamentos emoldurados em formato de poema, através da poetização da bolsista Fatima.

Sou assim e .

Mas, se você fosse um pouco mais branca passaria
tranquilamente por uma;
Se você tivesse o cabelo enrolado passaria por negra
facinho;
Se você procurasse uma aldeia e se "batizasse'" poderia ser
uma índia.
Entendam, o "se" não me define, o que me define é o que
sou, como sou.
Eu sou a neta, bisneta, da índia ou da negra pega a
cachorro no mato por um branco ou por um de seus
escravos.
Abusada, estuprada, açoitada e depois jogada. Sou a
neta, bisneta da índia ou da negra que depois de não
mais servir à vontade do homem branco foi casada
à força com um negro, caboclo, cafuzo, mameluco ou
qualquer invenção de mistura que se possa imaginar.
Eu sou aquela que faço parte da maior parte da
população brasileira: pisada, roubada, humilhada,
escanteada e escamoteada. Aquela que é proibida de
ser.
Aquela que é cobrada por todxs para que seja negra,
mas que todxs no fundo desejam e torcem com
alvidez que seja branca.
Eu sou a Parda; preta demais para ser branca, e branca
demais pra ser preta.
                                                                                
                                                                                                   Autora: Fatima. A. M. Santos

Muitas e muitos partilham das inquietações da Fatima, comentem sobre, dialoguem, o ambiente é aberto para debates. Assim, podemos, também transformar o espaço em plataformas construtivas de saberes outros.

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