Tópicos-síntese do texto discutido no dia 02/04 "O Enigma Lula" de Emir Sader

SADER, E. A nova toupeira: os caminhos da esquerda latino-americana. São Paulo: Boitempo, 2009, p. 69-91 [O enigma Lula].


O ENIGMA LULA*

Governo Lula (2003-2010)
“A eleição de Lula é resultante, em primeiro lugar, da força acumulada ao longo da resistência à ditadura e, em segundo lugar, da oposição ao neoliberalismo já durante a redemocratização, na década de 1990” (p. 69).

Críticas de direita e de esquerda ao Governo Lula

Críticas de direita: mídia privada.

Para eles menos Estado não significa menos financiamentos privados e isenções, mas sim redução de contratação de pessoal, gastos com políticas sociais e impostos. Também quer dizer mais privatizações, nada de regulamentações estatais nem no mercado de trabalho, nem na política de comunicações, nem na circulação de capitais e a volta do intercâmbio comercial tradicionalmente submisso com o Norte, em vez da integração latino-americana com o Sul (p. 70).

Críticas de esquerda: PSOL, PSTU, PCO, PCB: “caráter híbrido do governo”, permanência do capital financeiro e agronegócio, “não caracteriza os EUA como cabeça do imperialismo mundial” (p. 71).

Surgimento do PT e de Lula no cenário político

 “A vertente minoritária na ditadura na década de 1980 obteve avanços na organização social e política no movimento popular e esgotamento do projeto de democratização, com a fundação do PT, do MST, da CUT etc.” (p. 74).

Eleições presidenciais de 1989, entre Collor e Lula: “embate entre a força popular acumulada pela esquerda (PT) e desenho de uma nova estratégia [...], processo acelerado de reciclagem rumo ao neoliberalismo” (p. 75).

Eleições de 1994, com o governo do FHC o consenso neoliberal consolida-se: abertura da economia privatização concentrada das empresas estatais, retirada do Estado da economia, retração das funções sociais, desregulamentação, criminalização dos movimentos sociais, precarização das relações de trabalho.

O ano de “1994 foi um divisor de águas na história recente do Brasil. Junta-se a 1930 e a 1964 no rol das datas centrais de nossa história , momento de viradas estratégicas fundamentais – progressista a primeira, regressivas as duas outras” (p. 79)

Início de adequações ideológicas do PT: mudança na posição sobre o não pagamento da dívida externa, resultando na “Carta aos Brasileiros”, em 2002; prioridade ao combate à inflação.

“A esquerda não ficou imune à hegemonia ideológica do neoliberalismo” (p. 79).

“De forma antissistêmica, o PT transformou-se primeiramente em força reformista, de caráter socialdemocrata, e, em seguida, ao longo da campanha eleitoral e no primeiro mandato de Lula, num híbrido de social-liberalismo hegemônico” (p. 81).

O enigma Lula: o que realmente existe


O Governo Lula pode ser visto como um bom gestor do neoliberalismo, que além de dar continuidade ao modelo, ainda o complementou com as políticas sociais e a recuperação da legitimação do Estado, desgastado pelo governo mais ortodoxamente neoliberal. Também pode ser visto como o governo da política externa independente [...]. É, além disso, aquele que conteve o processo de enfraquecimento do Estado, fortalecendo o sistema de educação e de saúde públicas, e expandiu de forma criativa a política cultural (p. 88).


Contradição: atendimento de uma demanda histórica, mas em quais condições?

Tópicos-síntese elaborados pelo Grupo.

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