Aspectos importantes discutidos no texto "Conversidade: extensão universitária e movimentos sociais"
FLEURI, R. M. Conversidade:
extensão universitária e movimentos sociais. In: FIOREZA, C.;
MARCON, T. (Orgs.). O popular e a educação:
movimentos sociais, políticas públicas e desenvolvimento. Ijuí:
Editora Unijuí, 2009, p. 85-130.
Conversidade: extensão
universitária e movimentos sociais¹
O conhecimento conversitário:
surge a partir de movimentos sociais, de suas reivindicações para o
reconhecimento de suas culturas e direito de participação no debate
científico.
A reforma universitária no
Brasil iniciada em 2003 no governo Lula, é considerada uma resposta
à crise da universidade:
- crise de hegemonia: a função
tradicional da universidade, ou seja, a produção de conhecimento
científico e humano para a formação das elites contrapõe-se a
demandas de conhecimento instrumental, formação de mão de obra.
- crise de legitimidade: a
universidade, historicamente, foi um espaço de “reprodução de
hierarquias dos saberes especializados”, de restrito acesso, no
entanto, há demandas pela democratização da universidade e
reivindicações de igualdades.
- crise institucional: crise da
autonomia da universidade decorrente a exigência de critérios de
eficácia e produtividade.
Considera-se que as resoluções
das crises são imediatistas, concentrando-se nas reformas da crise
institucional e promovendo resoluções precárias referentes a crise
hegemônica e da crise de legitimidade, o que acarreta a
descaracterização intelectual da universidade, segmentação do
sistema universitário e a desvalorização dos diplomas.
Conhecimento universitário ao
conhecimento pluriversitário
O conhecimento universitário do
século XX é segmentado, hierárquico, autônomo e desconectado dos
problemas do cotidiano. O conhecimento pluriversitário parte de uma
utilidade concreta, parcerias entre universidade e indústria,
produzindo um conhecimento mercantil, ou então, promovendo a
cooperação, parcerias entre pesquisadores e sindicatos, ONGS,
movimentos socioculturais e comunidades populares.
Emergência do conhecimento conversitário
Tradicionalmente, as práticas
de extensão universitária são tratadas como experiências
marginais em relação ao ensino e à pesquisa e, hoje em dia, as
práticas de universidade estão voltadas ao serviço do mercado.
Estas práticas podem desempenhar papel semelhante às políticas
sociais, atenuando e acobertando desigualdades sociais, bem como
assegurar a estabilidade do sistema ou contribuir para o processo de
transformação social.
Não se trata apenas de construir
uma narrativa que consolida sua coesão com base em opções e visões
de mundo constituídas em uma única direção hegemônica
(uni-versidade). Não se trata também meramente reconhecer a
diversidade de opções e visões de mundo que constituem a
realidade sociocultural do mundo contemporâneo (pluri-versidade).
Trata-se de construir e potencializar os múltiplos dispositivos, as
diferentes estratégias, os variados processos, as várias linguagens
e narrativas capazes de suscitar e sustentar a relação de mútua
aprendizagem entre os diferentes sujeitos e entre suas respectivas
culturas (con-versidade), p. 110.
¹Tópicos síntese elaborados por Joviana Vedana da Rosa
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