O NOVEMBRO E O NEGRO
Fatima A.
M. Santos1
O mês de novembro vem chegando e
como em todos os outros anos logo logo chegaram as discussões raciais, como
acontece desde a definição da data de 20 de novembro sendo considerado o dia
para ser lembrado a memória de Zumbi, e por conseguinte sua luta antirracista.
E todo ano repetimos que essa luta deveria ser debatida diariamente nas
escolas, nas mídias nos clubes etc. na sociedade.
Agora eu pergunto a você caro leitor, como você se depara com questões
que se referem a essa temática na sua cotidianidade? Como você se identifica ou
acredita que se identifica com a temática? Como você trata e enxerga essas
discussões serem tratadas no dia-a-dia ?
Essa é uma escrita para ser
pensada em conjunto principalmente, mas não exclusivamente com você que não se
identifica como branco, nem preto e acredita que negro é também uma cor. Aqui
me coloco na tarefa de alertar sobre o fato de negro não ser uma cor, e sim uma
categoria política. Logo você que se acha moreno claro, moreno, cor de cuia,
queimadinho entre outras tantas classificações das 187 pelo IBGE(Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) já classificadas acredite, você é pardo
ou parda.
Trago esse debate porque é sempre muito tenso pensarmos em uma categoria
racial única que abranja tanta diversidade como acontece com essa categoria
parda. A importância desse debate é justamente sobre o quanto o discurso do
colorismo nos afasta de uma unidade forte e consolidada na luta antirracista.
Recentemente em um trabalho de coleta de dados sobre o assunto,
percebemos que essa é uma temática da qual não é discutida nem na escola, nem
na família, mas que tem sido fortemente repercutida nas bolhas de redes
sociais, digo bolhas sociais porque só terá acesso aqueles e aquelas que se
interessam sobre o assunto e não necessariamente quem gostaria ou precisaria
ser inserida nessas discussões justamente para que o preconceito racial assim
como os equívocos conceituais fossem sanados.
Nosso intuito aqui não é escrevermos de forma desgastante e sim despertar
a reflexão sobre a importância dessas populações que fogem do famoso binarismo,
preto ou branco. Mas, também temos o objetivo de dialogar sobre a quem favorece
o discurso do colorismo, as oposições criadas entre pretos e pardos e os
limites existentes para se avançar naquilo que o autor Kabenguele Munanga em
seu livro re-lançado no ano de 2020, “Rediscutindo a mestiçagem no Brasil:
identidade nacional versus identidade
negra” pela editora autêntica, chama de consciência racial.
Neste livro o autor resgata os principais autores e discussões sobre a
formação da identidade nacional brasileira e a identidade negra que passa por
uma série de processos, desde a chegada das populações africanas, sua
incorporação no mundo do trabalho, no meio social aos dias atuais. Uma ótima
recomendação de leitura não somente a quem tem interesse pela temática mas a
toda a sociedade que sofre influência direta da maneira com que nossos
antepassados lidavam com as diferenças raciais, ou de forma mais incisiva, do
modelo escravocrata e seu legado social que perdura em nossas relações sociais
até o momento.
POR QUE NEGRO É IGUAL A ESCRAVO?
A ciência a cada passo que avança, levanta mais e mais questões
que nos põem a pensar sobre a real intenção, será mesmo interesse em descobrir
de fato a origem de nossos ancestrais, ou é apenas esperança, na possibilidade
de falsear a teoria de que viemos do continente africano e portanto falsear a
tese de que “no fundo somos todos africanos”. O que nos levou a pensar a
respeito foram não somente a realidade que nos permeia mas, o fato também de
encontrar nas páginas de livros, de forma legitimada a negativa de que também é
fato, o quanto o “homem”, esforça-se em negar suas origens.
Se nem sempre o negro foi sinônimo de escravidão, como este
pensamento passou a ser incorporado e arraigado, de modo que atravessasse
séculos? Quais foram as justificativas para que tal construção tomasse tamanha
importância e como a religião, pode ou não interferir nessa construção ideológica?
É sobre essas indagações que nos causam certo desconforto nos dias atuais, que
tentaremos dialogar.
Discutir essa temática, nos faz refletir sobre a Etimologia da
palavra “trabalho” que tem sua origem no latim “Tripallium”, denominação de um instrumento de tortura formado por
três (tri) paus (pallium). Nesse
raciocínio, ontológico, “trabalhar” significa ser torturado no Tripallium, na Antiguidade, na Idade Média e no surgimento
da sociedade moderna os despossuídos de posses, eram torturados, ou seja, eram
obrigados a “trabalhar” porque não podiam pagar impostos, principalmente
escravos e os pobres.
Nas reflexões de Silva (2002), Já no século XV era incomum encontrar-se nos espaços dominados pela Europa um escravo branco, de origem cristã e que fosse europeu. Dentro de uma visão eurocêntrica a partir do século X, o negro foi se tornando no sul da Europa e na maior parte das Américas, o escravo por excelência. De um “outro” entre os outros o negro/a passou a ser considerado/a uma espécie humana distinta, inferior a branca e portanto predestinada a ser subserviente ao “europeu”. Discente da 9ª fse do Curso de Graduação, Licenciatura em Ciências Sociais.
Com o capitalismo, o cristianismo e a colonização no marco de
quase duzentos anos, ao se falar de escravos, pensava-se em negro, como bem
destacou Silva (2002), desde então a lista da escravaria de brancos do sul da
Europa fazem parte do passado. De década em década os negros/as que eram a
minoria entre a população escrava das Américas, com o avanço do tráfico de
pessoas raptadas, e transformadas em escravos/as africanos/as e com a expansão
colonial são essas e esses que passam a ser majoritariamente a principal mão de
obra.
Na compreensão de Mbembe (2014), a espoliação aos quais os
escravos africanos foram submetidos na gênese do capitalismo constituíram de
forma sistemática e contínua o fardo de todas as humanidades subalternas vindouras. A usurpação do continente africano inaugura o surgimento
de práticas imperiais épicas, tanto das lógicas escravagistas como das lógicas coloniais de invasão e exploração,
incluindo as guerras civis ou razias na África e nas Américas.
No dizer de Silva (2002), o avanço desse processo de desumanização
ideológico do negro, considerado por alguns pensadores como um ser entre os
animais e os humanos, estigmatizá-los como seres inferiores, próximo da animalidade,
e assim, legitimar sua escravização. Na simbologia européia, a cor negra em si,
significava infortúnio, tristeza, impureza, perversão, maldade e morte,
enquanto a cor branca está vinculada a inocência, virgindade, bondade e a vida.
É importante salientar que o padre Antônio Vieira, sustenta que a dominação dos
brancos sob os negros, é através da força, e não pela razão ou natureza.
O autor enfatiza, as costas da África subsaariana como a principal
fonte de escravos, totalmente marginal ao espaço econômico da Europa, apesar de
haver abundância de mão-de- obra branca e europeia, durante todo o tempo que
durou o tráfico negreiro. Mesmo sendo mais viável economicamente o uso da
mão-de-obra branca pela distância da viagem e os custos do transporte, já não
passava pela cabeça do “homem branco” escravizar um branco cristão, este pode
até mandar torturar, decapitar, queimar, verter chumbo fervendo na goela,
colocá-lo na prisão e no trabalho forçado, mas jamais escravizá-lo.
O centro do mundo “a Europa” historicamente sobrepôs sua lógica
social, econômica e cultural, como se estes fossem o único lugar na Terra, no
qual se concentra o poder de domínios das relações sociais de produção, mas
também da religião, linguagem, desejos e do pensamento. Levaram o princípio ao
pé da letra, no qual “só o ser é no caso, o europeu e o não ser, não é no caso
do negro, desconhecido na Europa, mas conhecido no mercado de escravos e nas
plantações das colônias, a expansão colonial é pari passu ao tráfico e ao comércio da mão de obra escrava
africana. É importante assinalar que ambos os acontecimentos foram
imprescindíveis na transição do capitalismo mercantil para o início de sua fase
industrial.
Do
papel da religião à ideologia
Para melhor compreender a respeito da construção de
um “ser capaz e a definição de um não ser” Mbembe (2014), e Silva (2002),
dialogam a respeito desta construção que é de
suma importância para a dominação de um povo seja ele qual for. Aqui estamos
falando de um “ser” que vai ser estabelecido com o capitalismo e a colonização,
o europeu, e o não ser, neste caso o negro.
Ambos autores alertam que sobre a escravização do outro, o corpo
estranho dessa nossa sociedade, e esse outro, com a expansão oceânica dos
portugueses e espanhóis, torna-se o não- europeu, de cor, feição e cabelos
diferentes, que se multiplica nas populações das Ásias, das Américas e das
Áfricas. Dentre estes outros o negro africano, é o mais fisicamente diferente
aos olhos dos europeus. No Congo, os portugueses chegavam ali para capturar
corpos e almas: corpos para os trabalhos forçados em São Tomé e nas Américas e
almas para sua Igreja.
É importante à priori estabelecermos que, para o imaginário
europeu do século XVIII, negro e raça são senão a mesma coisa, mas também
significação de tudo o que é repulsivo, negativo, motivo de manter fora das
relações sociais, ou por outro trancafiado, é a respeito disso que Mbembe
(2014), nos convida a refletirmos. E portanto, é baseado nesse ideário que se
constrói o “outro”, que não o europeu.
Notemos que agora já começamos a delimitar algumas conexões, se
falamos em século XVIII, estamos tratando de um período histórico, marco da
industrialização mas também da construção de muitas teorias como por exemplo a constituição
de um negro que é aquilo que incomoda, que nos desperta repúdio, aquilo que
habita, sem ser se quer considerado um ser, e que ao mesmo tempo causa medo de
pensar em ser este “ser”. É também nesse período que veremos algumas das
teorias que darão base de sustentação por exemplo na justificativa da
sobreposição de um ser (branco) sobre o outro (negro), da subjugação desse
“outro”, e do racismo.
Essa interpretação de que foi necessário a criação deste “outro”
não é exclusividade de Mbembe (2014), Silva (2002), também aborda sobre a
importância dessa construção do imaginário europeu à respeito das populações
africanas. Este último vai talvez mais longe, nos revolve ao século X, para
pensar sobre as populações islâmicas e ressuscitar o falso anátema de Noé
contra os filhos de Cam. Eis ai uma participação da religião em propagandear ao
mesmo tempo que reafirma a “teoria” de que o povo africano teria sido escravo
muito por conta de sua relação consanguínea com este filho de Noé da qual teria
siado amaldiçoado, não somente ele mas toda a sua linhagem.
Um dado importante que em geral não se divulga nem mesmo nos
livros sagrados é talvez uma das jogadas mais importantes que Silva (2002), nos
aponta que é justamente o fato de que a maldição fora lançada sobre Canaã e não
sobre Cuxe, se considerarmos que o povo africano descende da linhagem Cuxe,
esta informação fará toda diferença, ao mesmo tempo em que põe em xeque essa
justificação. Entretanto o que roga a maldição é de que todos os descendentes
de Canaã seriam escravos e negros, começa a nascer aí uma ideologia racista.
Segundo Silva (2002), a naturalização dessas ideias
contou com o papel crucial da Igreja cristã, quando institucionalizou a
separação entre espírito e corpo como uma oposição entre salvação e pecado. No
mundo dos espírito, estão os nobres e superiores, e corpo, tudo que é
pecaminoso, ameaçador e passível de repressão. Isso se estendeu a forma de
pensar a sociedade, os homens brancos e livres os de espírito, “superiores”, e
os homens negros e escravo designados ao trabalho manual e corporal,
“inferiores”. As semelhanças de funcionamento do sistema capitalismo em
reproduzir a mesma hierarquia moral que caracterizava a Igreja cristã, são
meras coincidências?
No contexto estamental na Idade Média marcada por uma sociedade
escravocrata, a cor da pele é um instrumento para medir o índice de
probabilidade absoluto da situação servil. No sistema de competitividade, a cor
da pele funciona como índice de medida para o selvagem e primitivo em
comparação ao paradigma do tipo humano dócil, produtivo, subserviente a
civilização ocidental e legitimada por suas instituições (Igreja, Estado) podendo ser
ou não confirmado pelo indivíduo ou grupo em questão.
Na esteira que pensa Silva (2002), é fundamental refletir sobre o
princípio secular em que “o espírito diviniza e o corpo animaliza os seres
humanos”, a ideia de que o espírito representa o positivo, a inteligência, o
nobre, o superior, é a afirmação do “Ser” em detrimento a negação do “outro”. A
escravidão dividiu a unidade indissolúvel do ser humano, seu corpo e sua mente,
esta conseguiu alcançar a monstruosidade que é alienação temporária ou total do
próprio corpo.
O grande pesadelo e desgraça do senhor, é que para legitimar sua
superioridade o negro, escravo torna-se essencial, o senhor a priori está nas
mãos do escravo africano, este é proibido de falar, e portanto deve trabalhar
até morrer sem reclamações. Paradoxalmente, o silêncio e a morte são também a
morte do seu senhor, porque ele não tem luz própria, não se basta a si próprio,
porque ele é apenas uma sombra do negro escravizado.
Infelizmente não foram somente essas as contribuições religiosas
que pesa sobre a justificação da escravidão negra, muitos personagens de peso
na igreja católica apontado pelo o autor, tais como, Santo Agostinho, Santo
Isidoro de Sevilha, São Tomás de Aquino debruçaram-se a escrever sobre a
escravidão. Lamentavelmente todos a defendiam e a maneira de a justificarem era
em sua maioria, a salvação da alma, um ato do qual os negros deveriam se submeter
por conta de seus pecados ou pior ainda como fez São Tomás de Aquino, que
defendeu a escravidão sob a égide do utilitarismo, como um processo necessário
a ser realizado. Pra além de justificar e contribuir para a manutenção da
escravidão negra, a igreja sempre se esforçou muito também em deturpar qualquer
tipo de religiosidade que fosse praticada pelos negros.
Os intelectuais
e a escravidão
No que se refere à intelectualidade se manifestar sobre a
escravidão dos negros. Silva (2002), traz à tona os clássicos da filosofia, na
República de Platão, não havia espaço a discussão, além de ser favorável a Leis
duríssimas para enquadrá-la, já para Aristóteles, a escravidão era tida como natural
e inerente a boa ordem do mundo. “o escravo é que liberava os cidadãos para o
manejo do Estado e as criações da sensibilidade e inteligência”. No caso de
Lutero, Thomas Morus, justificavam a escravidão como necessária e natural.
Descarte, Pascal ou Spinoza não escreveram uma só palavra contra a escravidão,
o liberal John Locke, que considerava a escravidão vil e miserável muito embora
como acionista não abrisse mão de suas ações em uma companhia comercial de
escravos a Royal African Company.
O papel dessa ideologia racista em termos práticos, é justamente
todo o processo de opressão da qual viveram populações das mais diversas partes
da África, a partir do momento que se cria um consenso de que o negro é
inferior, e seu aprendizado se dá na servidão, cria-se também legitimidades
para que se explore estes corpos não mais como “corpos humanos”, mas sim
objetificados.
De acordo com Silva (2002), houveram, na época uma minoria que se
opuseram ao tráfico e à escravidão do negro, muito embora faltou-lhes coragem
de ministrar qualquer ato legal contra a escravidão por pelo menos dois
motivos, primeiro pelo fato de ser aceito pelo papado e segundo por estar
assegurado pelo direito. Nesse grupo, insere o português Fernando de Oliveira e
os jesuítas Miguel Garcia e Gonçalo leite. O primeiro repudiava contra
violências de qualquer tipo de escravidão, já o dominicano espanhol direcionava
suas críticas direta a escravização dos negros, o mesmo é taxativo: todos que
adquiriram escravos por má-fé na África deveriam libertá-los, sob a pena de
danação eterna.
No caso dos padres jesuítas recusavam-se a ouvir em confissão os
proprietários de escravos trazidos ilegitimamente da África. O grande padre
Antônio Vieira, repreendeu com dureza os senhores e lhe reservou, aos
incorrigíveis, o Inferno. O escravismo nascia da violência e era uma perversão
moral. Vieira não advogada pela extinção da escravatura, não só porque era
sancionado por leis e aceita pelo papado, mas principalmente, porque poucos
dentre eles eram capazes de imaginar o funcionamento da sociedade, nas
Américas, sem escravos.
Ressalta o autor que, apesar de os números
populacionais de mão de obra autossuficiente, neste período na Europa fossem
favoráveis para que ao invés de se escravizar populações africanas, se optassem
em pagar salários para que essas populações miseráveis da Europa viessem para
as Américas trabalhar nas colônias.
É bem verdade também, que poucos seriam os loucos que
optariam por essa escolha, ainda mais se lhe fossem ditas as condições das
quais se teriam para trabalhar, sob o calor escaldante, trabalhos pesados sob a
supervisão de um feitor munido de um chicote pronto a usá-lo caso a tarefa não
fosse exercida à sua maneira, repetidamente durante horas a fio. Os que se
aventuraram eram prisioneiros de guerra, os banidos e expulsos por crimes
comuns, ou sob prazo estabelecido e quando vencidos buscavam trabalhar por conta própria.
A construção do
ser “superior” e do ser “inferior”
No dizer de Silva (2002), podemos afirmar que construiu-se uma
“ideologia racista” que explicava-se o diferencial do comportamento de
sociedades inteiras pela cor da pele, esta forma de conceber a sociedade servem
aos propósitos de uma sociedade branca, cristã e superior, a escravidão dos
negros africanos significou o mais perfeito equivalente espiritual, estrutural
e funcional de perpetuação dessa forma social.
O mesmo autor reitera que “ideologia racista” não se conteve
apenas na divisão social da cor da pele, entre a branca e a negra. O pensamento
da civilização ocidental se consolidou também na raiz de todo racismo, que é a
separação ontológica entre seres humanos “superiores” e seres humanos
“inferiores”. Nesse sentido, racismo não é apenas a separação dos seres humanos
por raças distintas, mas qualquer separação que construa uma distinção
ontológica entre os seres humanos (social, religiosa, intelectual etc.).
Considerações
Podemos concluir que a escravidão e os negros não representou
excesso ou uma exceção episódica, ambos foram ações humanas terrível e de
eloquente crueldade dentro de uma lógica capitalista de colonização das
Américas e de escravidão da África. Esta é uma fratura histórica da organização
social do sistema capitalista, que implica na escravidão de populações
africanas como um aspecto estrutural, a continuidade dessas práticas de
racismos e de exploração do outro, se apresenta de forma mais sutil e implícita
a depender da circunstância de enfrentamento das forças sociais e de quem vença
as disputas.
Assim, não basta criticar a tal “herança maldita” do filho de Noé,
o Cam, é preciso compreender como um fato errôneo, alcançou tal façanha,
ocasionou conflitos, situações fáticas de dominação e até mesmo
aceitação por parte dos escravizados. A falácia da suposta “herança maldita”
foi de suma importância para alçar as relações de dominação destinadas a
perpetuar a separação entre brancos e negros, a superioridade e inferioridade,
a escravidão dos negros em nome da supremacia branca e dos seus privilégios
divinos no céu e na terra.
1 Discente da 9ª fase do Curso de Graduação, Licenciatura em Ciências Sociais.
REFERÊNCIAS
MBEMBE, Achille. Crítica da
Razão Negra; tradução: Marta Lança. 3ª ed.- Antígona, Portugal, 2014.
MUNANGA, Kabenguele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade
nacional versus identidade negra. 5. ed. rev. amp.; 2 reim. - Belo Horizonte:
Autêntica, 2020
SILVA, Alberto da Costa e. A
manilha e o libambo: a África e a escravidão, de 1500 a 1700. – Rio de
Janeiro: Nova Fronteira: Fundação Biblioteca Nacional, 2002.
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