PET EM DEBATE: Diversidade na Escola

Na noite de 06 do mês de Junho do presente ano, o Grupo Práxis teve a honra de receber a Ms. Lidiane Limana Puiati Pagliarin e o Dr. Fábio Francisco Feltrin de Souza, ambos docente da Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Erechim, para compor a mesa do segundo PET em DEBATE de 2017. Com a temática de Diversidade na Escola, os professores fizeram pontuações importantes sobre o assunto.
Inicialmente a professora Lidiane direcionou a sua fala as inquietações que estudantes de licenciatura deveriam ter sobre a diversidade e, afirma “nos somos plurais mas, existem coisas que nos unem e outras que nos distingue”. Além disso, a professora enfatiza o fato que na graduação os assuntos envolvendo a diversidade deveriam ser debatidos na formação do professor não apenas por ser importante, mas também por estar na legislação.
 Quando tocado no ponto da diversidade na escola, a professora afirma que “a escola é um espaço de socialização, portanto, de pluralidade” e que dentro desses espaços existe o currículo oculto que trás a diversidade entre as pessoas sendo ainda um tabu a ser quebrado.
Ainda na voz de Pagliarin, foi comentado sobre o avanço que a história trouxe para as legislações, que passou a se trabalhar com os temas África, indígena, entre outras, mas no ano passado (2016) ocorreu um grande retrocesso com a proposta da “Escola sem Partido” onde a escola perde espaço de diálogos, direcionando estes as famílias dos estudantes -  mas e se a família for homofóbica, racista, etc.
Para encerrar sua fala, é pontuado que nem sempre a teoria caminha com a prática, os desafios estão presentes nesses espaços, nos próprios professores que deveriam – muitas vezes – lutar contra seu próprio preconceito e, a própria escola deveria trabalhar em cima de seus currículos adequando-os a eles para que abracem as diversidade e que saibam lidar com elas.
Em um segundo momento, o professor Fábio Francisco Feltrin de Souza faz a sua fala direcionada a um projeto do qual era coordenador dentre os anos 2014 e 2015, uma formação continuada de professores da qual rendeu quatro livros relacionados a questões étnico-raciais e à História da África ou das Áfricas.
Em um primeiro momento, Feltrin expõe que seu discurso será norteado por problemáticas do ensino de história da áfrica, pontuando:
·         “visão radicalizada e essencializada oriunda da categoria NEGRO”
·         Uma citação de Antony Appiah (historiador), o qual afirma “que a resposta ao eurocentrismo não é o africanismo reativo. Para este autor é preciso pensar para além da noção de raça” e;
·         “radicalismo – eurocentrismo/colonialismo/modernidade”.
Ao dialogar com o público, Feltrin trás imagens e construções sociais de inferioridade - a exemplo do quadro de Modesto Brocos (1895) onde a avó negra teve uma filha mestiça e ergue suas mãos aos céus por ter tido um neto branco - a partir de problemáticas como:
1.  “Por que indígenas, africanos e seus descendentes na diáspora, ciganos, homossexuais, mulheres foram estigmatizados e marginalizados ao longo da história, em especial a partir do século XV?”
2.  “Por que consideramos estes sujeitos errados, doentes e\ou inferior?
Em um terceiro momento sua fala é direcionada à uma crítica ao capitalismo que, segundo ele, não é apenas um sistema econômico, é um sistema cultural, o qual molda ou produz identidades coloniais e ao qual todos estamos submetidos à essa lógica estrutural, econômica e cultural capitalista.
Encaminhando sua fala para o encerramento, o professor propõe um “pensar outro pensamento”, destacando a criação de diversos grupos que ele denomina de “pós-coloniais”, isto é, estudos subalternos, estudos decoloniais, feminismo, pós estruturalismos e afins.
Problematiza, por fim, a escola com questões do tipo:
1.  “A escola consegue captar os saberes e identidades toda a multiplicidade cultural de maneira horizontal?” Isto é, não-hierarquizadas.
2.  “As marcas das diferenças cabem na escola que temos hoje?”

Para aos interessados a professora Lidiane sugere duas leituras.
BRASIL, Ministério da Educação. Gênero e diversidade na escola: formação de professoras/ES em Gênero, Orientação Sexual e Relações Etnico-Raciais. Rio de Janeiro: CEPESC. Brasília, SPM, 2009.
SCOTT, Patty; LEWIS, Liana; QUADROS, Marion(org). Genero, diversidade e desigualdade na educação: interpretações e reflexões para formação docente. Recife: Editora Universitária UFPE, 2009.

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