Síntese do texto discutido nos dias 23 e 30 de julho : A expansão do ensino superior no Brasil: do domínio público à privatização
ROSSATO,
E. A expansão do ensino superior no
Brasil: do domínio público à privatização. Passo Fundo: Ed. UPF, 2006.
Movimento
Modernista e surgimento da Universidade
“O surgimento da
universidade no Brasil deve ser analisado dentro do espírito de inquietação e
transformações que aconteciam na década de 1920 e da tomada de consciência
nacional sobre os problemas da educação no período de 1920 a 1930” p.14.
Movimento
modernista de 1920 – movimento político, cultural, literário e artístico –
“significou o rompimento com a cultura de dependência e uma reação contra os
modelos estrangeiros” p. 15. Resultado do contexto histórico e social daquela
época: desagregação do sistema colonial e o início do processo de formação da
sociedade urbano-industrial p. 16.
Problema
educacional – analfabestimo – “até 1930 o ensino brasileiro era
intelectualista, enciclopédico e ornamental, monopolizado pela camada social
superior, com um conteúdo que se voltava para o consumo e não para o processo
produtivo” p. 16. Criticava-se o ensino superior predominante no país, voltado
para as profissões liberais. “A universidade deveria organizar-se de modo a
desempenhar a tríplice função elaboradora ou criadora da ciência, docente ou
transmissora de conhecimentos e divulgadora ou propulsionadora (pela extensão)
das ciências e das artes” p. 21. Além de que teria como função a formação das
elites na sociedade moderna.
Surgimento
e expansão do ensino superior: 1930-1964
O ensino superior brasileiro foi implantado na forma de
estabelecimentos isolados. A primeira universidade foi criada em 1920,
Universidade do Rio de Janeiro, e em 1931 vigora o primeiro estatuto das
universidades, a universidade deveria ser criada pela reunião de faculdades –
Contexto sócio-político: Revolução de 1930 e o Estado Novo, sustentação
populista, emergente nacionalismo, crescente presença do Estado na economia,
política e cultura (p. 27-28).
Educação: presença de duas correntes, o pensamento
católico, grupo tradicional, cafeicultores, latifundiários e Igreja Católica,
defendiam o ensino religioso, privado e com separação do sexo; e o pensamento
liberal, burguesia industrial, classe média e intelectuais (Movimento da Escola
Nova), defendiam o ensino público, leigo, obrigatório, gratuito e misto (p.
34).
Reforma
de Capanema (1942) do ensino primário e secundário: devido ao caráter
centralizador do governo autoritário a reforma buscava colocar a educação a
serviço do governo central, ensino patriótico (p. 40).
Lei
de Diretrizes e Bases de 1961: “com a nova lei eram atendidos os interesses
privatistas em nome da ‘liberdade de ensino’. Apesar de a lei determinar a
obrigatoriedade do ensino primário, afirmava ser da família a escolha do gênero
de educação que deveria dar aos filhos” (p. 44).
“No
primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945) a política educacional estava
voltada para os níveis elementar e médio, após 1945 ocorreu uma notável
expansão do ensino superior em todos os aspectos” (p. 56): a criação de
faculdades isoladas, surgimento das universidades particulares, principalmente
as católicas, preocupação com o avanço tecnológico e desenvolvimento do país
(USP, criação, em 194,7 do Instituto da Aeronáutica, em 1951, do CNPq e, em
1961 da UnB etc.). No entanto, “embora tivesse havido um significativo aumento
do ensino superior, a oferta de vagas ainda era inexpressiva em relação ao
volume geral da população do país” (p.57).
Reforma
de 1968: 1964 – 1973
Após
a década de 1960, o ensino superior brasileiro passou por dois períodos de notável
expansão quantitativa: na segunda metade da década de 1960 e inicio da de 1970
e na década de 1990.
O
contexto político do Brasil durante o período que antecedeu a reforma do ensino
superior foi de predomínio do Estado autoritário com regime político-militar
voltado para a ordem, e que garantia um modelo econômico concentrador de
rendas, beneficiário de uma classe privilegiada com vinculações ao capital
internacional. (p.59)
Concomitante
ao condicionamento da doutrina de segurança nacional, a educação e a reforma do
ensino superior sofreram outros fatores condicionantes: estava em vigor a
teoria do capital humano, era firmado o acordo MEC – Usaid, os empresários agiam
através do Ibad (Instituto Brasileiro de Ação Democratica) e Ipes (Instituto de
Pesquisa e Estudos Sociais) e havia subsídios fornecidos pelos relatórios sobre
a reforma universitária, dos quais o ultimo – o Relatório do Grupo de Trabalho –
teve o caráter mais decisivo.
Na
década de 60 aumenta-se a demanda pela educação em detrimento das mudanças
sociais. O diploma passa então a conter um papel de diferenciação entre os indivíduos
na sociedade.
A
procura de vagas cresceu vertiginosamente de 1964 a 1968, período no qual o
numero de inscritos para o vestibular cresceu 120% e o de vagas 50%. Em consequencia
dessa defasagem, os excedentes representavam 212% (p.76). isso favoreceu a
expansão das instituições de ensino privado frente a dificuldade do governo em
expandir a rede de ensino superior publica.
Contenção
da expansão do ensino superior: 1974 - 1989
Nessa
época o Brasil viveu o que alguns chamam de “milagre econômico”, época onde o
país cresceu de forma jamais vista com índices próximos a 10%. Com a abertura do
governo dando aval a expansão das instituições de ensino superior privadas,
constatou-se um aumento desordenado do numero de instituições e cursos, isso
levou o governo a repensar a expansão e criar métodos para frear esse aumento
desordenado. Assim o MEC criou dispositivos e normas para autorizar a criação
de novos cursos e instituições, assim como avaliar os que já existiam.
O
neoliberalismo e a expansão do ensino superior: 1990 - 1999
Esse
período é marcado pelas políticas governamentais baseadas no modelo neoliberal,
onde a visão neoliberal de educação esta profundamente vinculada aos países ricos
(G7), que, por sua vez, procuram repassá-la através de organismos sob sua coordenação
e controle (Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Organização Mundial
do Comercio). Esses países e organismos internacionais buscam a adequação dos países
e da educação a nova ordem.
Mais
uma vez, nesse período constata-se a expansão quantitativa das instituições de
ensino superior e nela mais uma vez as instituições privadas lideram s índices de
crescimento. Importante ressaltar que, em toda a historia da expansão do ensino
superior brasileiro as questões quantitativas sempre se sobrepuseram as qualitativas.
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