Síntese do texto discutido em 19/03 - "Movimentos sociais na atualidade: manifestações e categorias analíticas" de Maria da Glória Gohn


    GOHN, M. G. Movimentos sociais na atualidade. In: GOHN, M. G. (Org.). Movimentos sociais no início do século XXI: antigos e novos atores sociais. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010, p. 13-88.


1- Movimentos sociais na atualidade: manifestações e categorias analíticas¹
  • Movimentos sociais [...] nós os vemos como ações sociais coletivas de caráter sociopolítico e cultural que viabilizam distintas formas da população se organizar e expressar suas demandas. Na ação concreta, essas formas adotam diferentes estratégias que variam da simples denuncia, passando pela pressão direta (mobilização, marchas, concentrações, passeatas, distúrbios a ordem constituída, atos de desobediência civil, negociações, etc.), até as pressões indiretas. (p.13)
  • No início do novo milênio, os movimentos sociais estão retornando a cena e a mídia. Neles destacam-se quatro pontos:
  • As lutas em defesa das culturas locais, contra os efeitos devastadores da globalização. Eles estão ajudando na construção de um novo padrão civilizatório orientado para o ser humano e não para o mercado, como querem as políticas neoliberais. Buscam recuperar o caráter e o sentido das coisas públicas.
  • Atuam na reivindicação da ética na política e exercem vigilância sobre a atuação estatal/governamental.
  • Tem manifestado tolerância aos aspectos subjetivos das pessoas, relativos a sexo, crenças, valores.
  • Os movimentos construíram um entendimento sobre a questão da autonomia.  Autonomia não é se isolar do Estado, ter autonomia é ter projetos e pensar os interesses dos grupos envolvidos, ter planejamento em termos de metas e programas.
  • O perfil dos movimentos sociais se alterou na virada do novo milênio porque a conjuntura política também mudou. A nova fase exigiu práticas novas e qualificação dos militantes.
  • As redes e as parcerias entre movimentos e ONGs criaram um novo movimento social: contra a globalização predominante, geradora de miséria, eles clamam, articulados em redes internacionais, pela defesa da vida com dignidade (p.31).

2 – Movimentos Sociais antiglobalização: de Seatle / 1998 a NY / 2002
  • Umas das características marcantes do movimento é a heterogeneidade de sua composição social: ele é composto por redes de movimentos e organizações sociais de espectros variados destacando-se: defesa dos direitos humanos, estudantes anarquistas, organizações não governamentais (ONG’s) movimentos sociais rurais, centrais sindicais, alas de partidos políticos de esquerda e etc.
  • Quais são seus eixos de protesto? A maioria das organizações que a compõe não é precisamente contra a globalização em si; várias facções do movimento reconhece que a globalização é um dado momento do processo histórico contemporâneo. O que se protesta é a forma como essa globalização se processa. O fato de todos serem contra a parcela do status quo que legitima uma ordem socioeconômica e moral de injustiças sociais.
  • Entre 1998 – 2001 a bandeira central do movimento expressava-se em demandas relativas a questão das relações comerciais entre países. Formularam-se propostas sobre a divida externa de países pobres e a democratização dos processos de decisão das agências financeiras multilaterais, entre outras ações.
  • A mídia teve sua grande relevância no processo de divulgação das ações destes grupos.
  • Em suas matérias destacavam-se alguns atores sociais como os do movimento Punk, que participavam ativamente de todo processo, e alguns outros atores passavam despercebido graças ao foco da mídia, atores como sindicatos por exemplo.
  • O 11 de Setembro acabou por modificar muita coisa no movimento, a partir daí, seu focos e deu em outro estilo, propositivo e pela paz mundial.
  • O ponto principal do movimento antiglobalização é a critica que ele faz a “cultura do lucro”. Afirma-se que ela deve ser substituída pela cultura do ser humano pleno, com direitos a vida, uma sociedade com ética e respeito aos direitos humanos fundamentais.
  • O movimento torna-se um novo ator sociopolítico por reunir grupos políticos e tribos culturais que jamais sentaram para dialogar.

    ¹Tópicos-síntese elaborados por Fernanda May e Daniel Gutierrez.

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